sábado, 5 de dezembro de 2009

Ausência

Neste domingo, 06 de dezembro, não estarei no parque para o zazen.

Mas se eu fosse você, eu iria: o tempo está esquentando e os ânimos também. Semana passada teve um "batismo" de capoeira, uma meninada miúda dando uns pulinhos pra lá e pra cá.

Sempre que eu vejo que bateu as 5 da tarde e ninguém apareceu, eu me retiro para um lugar mais sossegado e menos visível - quando possível. O que significa praticamente todos os domingos.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Ausência


Quem aparecer mande lembranças à garça, minha fiel companheira.

garça imóvel
em uma perna: inveja!
tarde de primavera

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

...e você ainda diz que não sabia?

Nota para o pessoal de Goiânia, que também começaram a prática de meditação em um parque local; dê uma conferida no blogue deles. Aqui não temos cerrado, e nossa mata atlântica está mais para atlântida (no sentido mitológico).

A idéia do zazen no parque também não surgiu ex nihilo. O pessoal de São Paulo, Koun san, para ser mais exato - e se estiver esquecendo de alguém, avisem-me! - fazem prática de zazen no parque e também no hospital, além do zazen no alto do edifício Copan [foto ao lado], o clássico de Niemeyer que copiou, evidentemente, do nosso Ceisa Center local (é Floripa direto para o mundo!). :D

Aqui em Florianópolis, durante algum tempo um ou dois anos atrás, foi feito zazen com um grupo de detentos da penitênciária masculina de Florianópolis, obra de Sodō e Jōshin, com as dificuldades que isto acarreta.

Enfim, procure e encontrarás: há, em um crescendo cada vez maior, mais e mais grupos de meditação de vários tipos ocorrendo. No blogue do monge Genshō há diversos textos que tocam em um projeto que ele tem levado adiante, o da montagem de grupos de prática, em lugares onde uma comunidade ou um professor não estão disponíveis, que utilizam as novas formas de troca de informação e comunicação para facilitar o contato. Não se trata, exatamente, de "sanghas (comunidades budistas) virtuais", que eu considero impraticáveis e insossas - com quem você vai ficar irritado por não usar desodorante? qual opinião do professor você não vai gostar hoje? -, mas sim de grupos de prática montados por interessados que, pela distância, não poderiam praticar perto de um professor do dharma.

E o zazen no parque continua, com o calor também em crescendo, o sol brilhando mais forte e os mosquitinhos cada vez mais alegres e atrevidos.

Se, por qualquer motivo, você tem interesse em fazer zazen no parque mas o horário é incômodo, não permite, ou quer sugerir qualquer outro horário ou lugar, de duas uma: ou você pode ir fazer o zazen sozinho, que você sempre pôde e nunca fez por desconhecimento ou vergonha, ou pode mandar uma mensagem para lucasseigaku@gmail.com.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Aviso

Neste próximo domingo (18/10), apesar do retiro de prática (sesshin) que o pessoal da CZBF fará, o zazen no parque acontecerá normalmente.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Começo de primavera


Os mais observadores podem ter deduzido, pela foto, que Michel Seikan deu as caras pelo parque no domingo, e vocês têm razão. Nada que um bom olhar e, certamente, uma boa câmera não possam fazer, como pode ser conferido no álbum de fotos improvisado do Zazen no Parque e no total dos álbuns da CZBF que contam, em sua maioria, de fotos dele.

O dia de sol brilhante rapidamente deu vez ao crepúsculo, e o frio desceu do céu claro, sem nuvens. Desta feita nem os mosquitinhos ousaram aparecer. Sentei-me em zazen ao som de New York, New York que uma bandinha - praticamente de sopro - tocava animadamente. Animados também estavam os passantes, e o som da banda e as palmas das pessoas me colocaram rapidamente em ritmo de quermesse.

Michel Seikan também é graduando em gestão ambiental e aproveitamos, depois do zazen - ao qual ele chegou atrasado, menos 10 no seu dharma score - para conversar um pouco sobre o parque. Diz ele que este parque ecológico, na verdade, tem menos de 30 anos em sua vegetação, e não é mata atlântica nativa; fez parte de um projeto de reflorestamento relativamente recente, porém mais velho do que eu.

Quem mora em Florianópolis talvez relembre da triste notícia pela qual o parque ficou mais lembrado: a queda de um eucalipto em cima de pai e filho, em um dia de ventania forte, em 1994. Depois disto o parque ficou praticamente abandonado durante sete anos, sendo reaberto somente em 2001. Atualmente o número de pessoas - adultos e crianças, pais e filhos, casais de namorados, adolescentes barulhentos - que visita o parque nos domingos mostra que tal tragédia é apenas uma lembrança, cada vez menos nítida.

(A probabilidade de um eucalipto cair em cima da sua cabeça, caro leitor, é muito pequena. E, para tranquilizar ainda mais, o dharma score nom ecziste: é melhor que você chegue na hora, mas se chegar com atraso somente sente-se ao meu lado.)

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

"Mente do Despertar"


Fulano, um amigo que começou a praticar zazen recentemente, com empolgação, perguntou-me sobre qual seria meu objetivo, ou o objetivo da CZBF, em fazer o zazen no parque.

A minha resposta foi "objetivo nenhum", mas não foi propositalmente uma "resposta zen", nem tampouco uma maneira enigmática de deixá-lo pensando sobre o zazen que não serve para nada. Foi somente uma forma de dizer: "a sua pergunta não se aplica, pois não se trata de objetivos".

É mais uma questão de motivação. Eu poderia rascunhar, certamente, alguns objetivos desta prática: as pessoas se familiarizando com alguém sentado em zazen, chamar a atenção, fazer propaganda da CZBF, mostrar às crianças que zazen não é estar morto ou perneta, e assim vai. Até pensei em sentar com uma plaquinha de papelão ao lado, com um slogan como "zazen é bom pra você", ou qualquer coisa, a la Deshimaru rōshi, como me contaram recentemente. Quem sabe.

(Sicrano, outro amigo, questionou: "não é você que diz que o zazen é bom para nada? Como pode botar uma plaquinha dizendo 'zazen é bom pra você'? É contraditório." Ora bolas, estou cercado de pessoas perguntadeiras :D E quem disse que o zazen não serve para nada foi Kōdō Sawaki rōshi, eu sou apenas um papagaio.)

A motivação, contudo, não necessita de explicitar um ou mais objetivos. É evidente que algumas pessoas podem sentir vontade de fazer zazen simplesmente vendo outra pessoa; não se pode menosprezar isto. No último domingo, sentado sozinho, ao me levantar ao término do zazen vejo uma senhorita sentada no banco, uns 10 metros ao lado, aparentemente meditando ou relaxando depois do seu cúper.

Além do mais, o parque é delicioso, com ou sem mosquitinhos. Ornitólogos ou amantes de passarinhos são especialmente convidados.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Começo de setembro

O zafu do João, que peguei emprestado - ele mora do lado do parque - está tentando pegar um pouco de sol, hoje, segunda-feira feriado. Sem muito sucesso.

Ontem, com um céu nublado e umas gotinhas esparsas, fui no parque somente para ver se alguém estava por lá. Logo ao sair, um raio risca o céu leitoso, perante o meu andar que fica, momentaneamente, periclitante. Tenho de lembrar das probabilidades de ser atingido por um raio (aproximadamente 1 por 200.000).

Não há ninguém me esperando, e os coelhinhos estão avidamente roendo os talos de couve. Olhando ao redor, decidi sentar um pouquinho, até a chuva engrossar. Algumas crianças teimosas ainda brincavam no balanço.

Meia hora depois passa, diante de mim, umas quatro ou cinco crianças e uma mulher. Eles vêm cochichando de longe, e eu sei que olham para mim. "Será que ele tá morto?" "Não, não tá, ele tá com os olhos abertos" "Mãe, o que ele tá fazendo?"

Fico sentado com a minha cara de zazen, o rosto relaxado que, justamente por isso, deve ficar com cara de bobo, com os dentes da frente aparecendo. As gotinhas caem nos cabelos, no zafu. A caravana vai pegar uma trilha, logo um pouco atrás de mim. Ainda dá para ouvir o último comentário, surpreso: "mãe, ele não tem perna, mãe! É verdade, ele não tem perna!"

domingo, 30 de agosto de 2009

Final de agosto












Dia magnífico, de luz dourada se espraiando pelo asfalto e pela copa das árvores. Acho que ontem houve uma vitória do futebol local, não tenho certeza. Receoso de chegar atrasado - como sempre -, não chego, e encontro João esperando perto dos coelhinhos e da multidão de crianças coloridas. Alguém chama alto e vejo, graças à miopia e à minha renitência em usar óculos, um vulto preto com a cabeça chamativa; é Bia, que por uma farta coincidência está por lá, juntamente com Patrícia e a pequena Ingrid, e que nos acompanha no zazen.


Sentamo-nos na beira do laguinho, acompanhados de um violão e uma roda de chimarrão. Logo nos primeiros minutos pequenos mosquitinhos começam a passear pelo meu rosto, fazendo turnos. Fecho os olhos quando eles chegam muito perto dos mesmos, o que eles fazem com frequência, talvez atraídos pela umidade? Uma picada no pé. Será o zazen todo assim? Aquela ânsia por se mexer e dar uma coçada aumenta; sinto uma coceirinha de apreensão na ponta dos dedos. Os circuitos da dor e da coceira não são os mesmos, em termos cerebrais.

Mas logo depois eles se vão, os mosquitinhos.

Levaremos repelente para quem o quiser, a partir da semana que vem.

Próximo domingo, então, estaremos por lá novamente, mesmo lugar e horário. Quem quiser, também, pode aproveitar e recolher as fibras fofinhas das paineiras para encher os zafus, que estão em floração, "sujando" o chão do parque - a depender do seu ponto de vista.

Adendo: Bia, depois de sua passagem pelo Daissen, e Patrícia, estão com um balcãozinho de sushis no Itacorubi, na locadorefilmes-e-um-pouco-de-tudo Sofá & Pipoca. Uma delícia, o temaki de salmão com molho tarê. Peça pela diquinha da casa. Elas também mandam avisar que zazeneiro de parque tem desconto - bem, se não disseram é bom que comecem a arranjar.

sábado, 22 de agosto de 2009

Zentados no parque

Quando o Buda estava vivo, ele apenas discursava sobre o Darma. Ele nunca ensinou sutras, ou deu mantras especiais, ou ensinou sobre recitar o seu nome. As pessoas ouviam suas falas e então retornavam às suas casas para meditar. Elas podiam sentar em meditação sob árvores ou por sobre rochas elevadas.

Mestre Zen Seung Sahn em A Bússola do Zen. p. 285.

Faremos o zazen - que não serve para nada - no parque.

No próximo domingo, dia 30 de agosto, quem quiser aparecer no Parque Ecológico do Córrego Grande - que fica no bairro Córrego Grande - para fazer zazen está mais do que convidado. A idéia inicial de data e horário - domingo, às 17:00 hs - está aberta para sugestões, relevando, contudo, o horário de funcionamento do mesmo (até às 19:00, fechado nas segundas-feiras).


Visualizar Parque Ecológico do Córrego Grande em um mapa maior

Leve seu zafu, cadeirinha, banquinho, pilha de livros, ou qualquer outra coisa que você utilize para o seu zazen de cada dia. Caso nada disso esteja disponível, damos um jeito na hora. Leve também uma toalha, ou lençol, ou mesmo zabuton, para sentar-se no chão. O resto é você quem manda. Lanchinhos são sempre bem-vindos.

Os interessados podem me encontrar no lago central do parque - o maior, não o que fica na entrada - por volta das 17:00 hs. É favor não chegar muito mais tarde do que isto. Haverá zazen, mesmo que ninguém apareça, mas peço aos retardatários que não interrompam a prática dos outros.

Não haverá zazen com tempo ruim - chuvas, ventanias, e especialmente raios. Algumas pessoas têm medo. :D

Até!