segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Começo de setembro

O zafu do João, que peguei emprestado - ele mora do lado do parque - está tentando pegar um pouco de sol, hoje, segunda-feira feriado. Sem muito sucesso.

Ontem, com um céu nublado e umas gotinhas esparsas, fui no parque somente para ver se alguém estava por lá. Logo ao sair, um raio risca o céu leitoso, perante o meu andar que fica, momentaneamente, periclitante. Tenho de lembrar das probabilidades de ser atingido por um raio (aproximadamente 1 por 200.000).

Não há ninguém me esperando, e os coelhinhos estão avidamente roendo os talos de couve. Olhando ao redor, decidi sentar um pouquinho, até a chuva engrossar. Algumas crianças teimosas ainda brincavam no balanço.

Meia hora depois passa, diante de mim, umas quatro ou cinco crianças e uma mulher. Eles vêm cochichando de longe, e eu sei que olham para mim. "Será que ele tá morto?" "Não, não tá, ele tá com os olhos abertos" "Mãe, o que ele tá fazendo?"

Fico sentado com a minha cara de zazen, o rosto relaxado que, justamente por isso, deve ficar com cara de bobo, com os dentes da frente aparecendo. As gotinhas caem nos cabelos, no zafu. A caravana vai pegar uma trilha, logo um pouco atrás de mim. Ainda dá para ouvir o último comentário, surpreso: "mãe, ele não tem perna, mãe! É verdade, ele não tem perna!"

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